Um ato ecumênico realizado no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo na tarde desta terça-feira (15) recebeu a cruz da Primeira Missa no Brasil. A cerimônia marca os 525 anos deste momento histórico para o país, acontecido no dia 26 de abril de 1500, na Praia de Coroa Vermelha, Aldeia do Descobrimento, município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia. O evento também celebra os 200 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, iniciados com o Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre o Império de Brasil e o Reino de Portugal em 1825.
Promovido pelo deputado Agente Federal Danilo Balas (PL), o ato integra o calendário oficial do movimento “Brasil com Fé – Celebrando os 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz”, promovido pelo Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor e o Instituto Redemptor. Ele contou com a presença do presidente da Alesp, André do Prado, diversos parlamentares da Casa, a deputada federal Simone Marquetto (MDB-SP) e a cônsul honorária da Armênia em São Paulo, Hilda Diruhy Burmaian.
O item religioso fica exposto no Museu da Sé de Braga, em Portugal, e iniciou um roteiro de peregrinação no último sábado (12), ainda em terras portuguesas. Inicialmente, a cruz passou por Braga, Fátima, Cascais e a capital, Lisboa. Já no Brasil, fica até o próximo dia 27 e, além de São Paulo, passa pelo Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pará, Distrito Federal e Bahia, onde será realizada uma missa para marcar os mais de cinco séculos da primeira celebração em terras brasileiras.
O presidente André do Prado recepcionou a cruz – recebida com toques do sino instalado nos jardins do Parlamento, que integra um monumento dedicado à paz mundial – e abriu o ato.
“A volta da cruz como símbolo religioso e cultural reforça os laços entre Brasil e Portugal, incentivando diálogos sobre a nossa identidade histórica. A primeira missa foi um encontro profundo e transformador entre culturas, crenças e cosmovisões. A cruz transcende seu significado religioso, simbolizando o amor, união e interconexão entre os povos. Esse evento também visa promover o diálogo de cooperação entre instituições. Estamos em um momento simbólico para a celebração ecumênica nesta Casa de Leis, que preza sempre pelo respeito”, comentou o presidente da Alesp.
Diálogo
Responsável pela realização do ato, o deputado Agente Federal Danilo Balas (PL) ressaltou que a chegada da cruz representa uma oportunidade de entendimento e diálogo. “Independentemente de credos ou ideologias, nós estamos aqui unidos. Essa cruz, diante de nós, representa a fé, renovação, amor ao próximo e união entre os povos. Hoje, ela representa a união de todos os brasileiros. Em tempos de polarização, é aqui nessa imagem que encontramos um elo de comunhão”, apontou o parlamentar.
Danilo Balas também destacou o Projeto de Lei 870/2024, de sua autoria, que cria a “Rota do Cristo”, que tem o objetivo de valorizar o turismo religioso e o desenvolvimento econômico no interior de São Paulo. Segundo o deputado, o estado conta atualmente com cerca de 70 imagens de Cristo espalhadas pelo Interior.
Em sua fala, o padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, agradeceu a calorosa recepção no Parlamento. “Comentei que queria trazer a cruz aqui, para ela ficar próxima da grande cruz que vocês possuem neste Hall Monumental e também da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Eles marcam esse lugar como um espaço já abençoado”, disse o religioso. “Com a nossa fé, nosso diálogo, o compromisso pelo bem comum e salvaguardando o princípio da liberdade religiosa em nosso país, podemos avançar muito no diálogo em torno da tolerância e do bem comum”, acrescentou o padre.
Sentido renovado
O historiador Paulo Leal, ligado ao Santuário Cristo Redentor e integrante do grupo de peregrinação da cruz, apresentou um olhar ainda mais abrangente em relação a passagem desse item pelo Brasil. “O simbolismo do retorno da cruz é exatamente essa volta dentro de uma nova perspectiva. Não à perspectiva da ação colonizadora, do extermínio cultural, mas ao retorno da cruz dentro de um contexto de diálogo étnico, do princípio da alteridade, da conexão entre povos e, sobretudo, da perspectiva de um pacto civilizatório entre os mais diversos segmentos da sociedade brasileira”, opinou. “É uma cruz renovada, não um símbolo de dominação, daquela carga colonial, mas do diálogo e do respeito. A cruz é um elo entre os mais diversos segmentos da sociedade e eu acho que é isso que a gente precisa no Brasil hoje. Esse é o legado dessa celebração”, definiu Leal.
